POÉTICA DO COTIDIANO

Textos, Frases, Cartas, Poemas, Canções, Diálogos, Interrogações... Todas as palavras que preenchem o nosso dia-a-dia... com muita poesia!

segunda-feira, novembro 14, 2011

UMA VEZ, UM ALGUEM (ou Sobre o Medo)


Uma vez veio alguém, alguém que eu não soube amar, pior, não soube me deixar ser amada. Nunca fluiu. Não me lembro de nenhum período superior a um mês de entendimento. Acho que foi medo, muito medo. Porque talvez, fosse de verdade, e pra sempre. E muitas vezes na vida a gente tem medo que dê certo, por que se der certo, aí a gente já não sabe o que vai fazer depois. Ou medo de que de tão certo, dê errado.

E assim foi. Deu errado. Como só podia dar. Desde o começo. Mas foi a história mais intensa que eu vivi, dessas que fazem a gente acreditar que a vida é realmente “som e fúria”, poucas vezes paz.

quinta-feira, novembro 03, 2011

PRA MUDAR!


Muitas vezes a gente sente uma vontade absurda de mudar, mudar de ares, mudar de vida, mudar a nós mesmos... mas, saber o que pode caracterizar essa mudança, o que vai nos fazer sentir que mudou realmente, é um tanto complicado.

Mudar de amigos, cortar o cabelo, viajar, comprar sapatos novos, visitar outros blogs, ler novos autores, tudo isso faz parte e ajuda a aclamar nossos ânimos. Porém, acho que o fundamental para uma mudança mais consistente é mudar o nosso olhar para as coisas.

Sei também que não é nada fácil, afinal levamos anos aprendendo a olhar por tal ângulo, o “nosso ponto de vista”, tantas vezes repetidos e bastante enraizado. Isso faz da busca por um olhar novo algo difícil, e sinceramente – não sei qual o caminho que se trilha para atingi-lo –  mas, me parece recompensador buscar esse olhar diferente.

De minha parte, estou tentando mudar o meu, buscar experiências novas, ler assuntos diferentes e o principal, rever minhas crenças. Assim, espero construir um olhar novinho em folha como o de uma criança que acaba de nascer. Se alguém tiver alguma sugestão para essa minha busca, será bem vinda... Fiquem a vontade!

sábado, outubro 15, 2011

SENDO MULHER - Republicando


Ela cresceu acreditando que os homens são melhores que as mulheres, mais fortes e com mais sorte. Sempre desejou na próxima encarnação nascer homem.
O mundo masculino sempre despertou nela mais admiração que o universo feminino – carros, futebol e jogo de dominó.
Então, ela ensinou a sua mente a pensar como homem, ser prático, nada de romantismos, não dá muita importância às pequenas coisas, acreditar que dinheiro era fundamental e que sentimentos não deviam ser revelados.
Apesar de não perder a feminilidade, usar saias, vestidos, bolsas, salto alto e maquiagem, ela chegou a ouvir de um amigo: - Você é mais macho do que eu.
Uma noite ela teve um sonho com uma borboleta que lhe mostrou a beleza da alma feminina. Ela acordou encantada com o sonho e com a linda paisagem que vira.
A partir deste dia, ela decidiu Ser Mulher.
Ser mulher “de verdade”, em seu sentido mais completo.
Ser mulher que não dá o braço a torcer quando tem certeza de suas convicções, mas que é capaz de se derreter em lágrimas só de assistir a um filme no cinema;
Mulher que leva horas escolhendo a cor do batom e do esmalte, da roupa, da calcinha, porém sai correndo feito uma desesperada para socorrer os amigos;
Que gosta de assistir a lutas de boxe, mas prefere ir ao show de Vander Lee;
Que fala dos seus sentimentos, mas, muitas vezes esconde as lágrimas;
Mulher que dá a cara pra bater, e bate, se for necessário, mas que nunca deixa de ver a outra face da moeda;
Que faz tempestades em copos d’água, mas que sempre supera, e se supera;
Que gosta de futebol, mas não sai de casa sem batom e óculos escuros;
Que se valoriza e, por isso mesmo, valoriza os outros;
Que chora descontroladamente por falta de atenção e rir descontroladamente conversando besteiras ao telefone, ou sozinha na frente do computador;
Mulher que tem sonhos, que ama poesia, cinema e música;
Que quer viajar o mundo inteiro e ainda assim casar e ter filhos, e ser feliz pra sempre;
Mulher que tem sorte, mas que acima de tudo, escolheu o Amor!


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Observações da postagem inicial em 06/06/2008

Esse texto era pra ser uma homenagem, e é, mas acabou não sendo uma e sim várias:
Pra começar, homenagem ao Carlinhos Ribeiro, novo grande amigo, que pela conversar e pelo depoimento me inspirou a escrever o texto;
À Marcella Facó – início de uma amizade – que foi o “tema” da conversa que inspirou o texto.
Para Rô, grande amigo também, que por muitas vezes, fez e faz, o papel da borboleta e me ajudou a descobrir o que é ser mulher e que mostrou a importância de ser uma mulher “de verdade”, de crescer e de assumir quem sou;
Para Du, que também é uma das minhas borboletas e que me mostra sempre que posso contar com ele;
Para Tom, que um dia me disse que eu precisava ser mulher no sentido mais amplo da palavra;
Enfim, para todos que participam – ou participaram – da vida minha vida e que me ajudaram de alguma forma a ser quem sou hoje e sei que todos me ajudaram de alguma forma, pelo Amor ou pela dor.

Por fim, a todas as mulheres “de verdade”, que ajudam a tornar este mundo mais belo e mais sensível, e aos homens que não tem vergonha de mostrar e viver seu lado sensível também, mesmo que só de vez em quando.

P.S. Acho que hoje eu superei... e, me superei... rsrssrs

A todos um abraço,

Imcompreendida

terça-feira, setembro 13, 2011

PEQUENO TRATADO SOBRE O (O MEU) AMOR.

“... e foste um difícil começo,
 afasto o que não conheço
 e quem vive outro sonho feliz de cidade
 aprende depressa a chamar-te realidade
 porque és o avesso do avesso
do avesso do avesso...”
Caetano – SAMPA


            Eu não gosto de ser invasiva com a vida das pessoas. Impor minha presença, aprofundar os limites que me estabeleceram é uma coisa quase impensável. É o meu senso de Liberdade e Respeito.
            Por isso não procuro o tempo inteiro, não ligo todos os dias, não imploro companhia. Não invado a vida, só contarás a mim o que quiseres, o que achar necessário. E terá espaço para isso se quiser e haverá também espaço para o silencio, tão necessário e tantas vezes tão difícil de achar. Mas se não sentir reciprocidade, aí já foi... descarto maiores aproximações.
            Porque é assim também que gosto que sejam comigo, não gosto que me invadam, que me adulem, que transgridam minhas regras. Só entra em meu mundo quem eu permito e até onde eu permito. Só conto o que eu quero, se não julgar necessário, falar pra quê, pode ser a menor besteira, pode ser o maior segredo.
Mas todo mundo encara isso como falta de Amor. Não é. De jeito algum. Eu vivo pra dentro e é assim também que amo, pra dentro.
            Vou demonstrar, claro, que amo, nas sutilezas, no olhar, no jeito de me entregar. Dificilmente, nas palavras, talvez nas escritas, nunca nas ditas. Nos convites, nas invenções loucas, nas coisas divididas, nos poucos presentes, nos sorrisos sinceros. Tudo em mim, todo gesto é uma forma de dizer eu te amo, sem precisar ser piegas. A divisão de um sentimento sobre a vida, uma música ou um filme. O Amor por mim é sentido nas afinidades, de pensamento, principalmente. Se pensou igual, fluiu, é isso.
            É preciso um pouco de sensibilidade e percepção, mas com certeza o trato com quem eu amo é diferente com o resto do mundo. Talvez não seja fácil perceber, entendo que as pessoas têm seus próprios medos e limitações, suas próprias formas de amar. O problema é só identificar o Amor, na forma conhecida, não permitir outras.

quarta-feira, agosto 10, 2011


Quando estiveres triste e as coisas não derem certo, pense que ainda és livre. Liberdade é a melhor coisa que se pode ter. Tendo liberdade podes criar tudo, inventar uma nova vida, fazer arte, compôr canções, ir morar em Bariloche, essas coisas que só consegue quem se permite ser Livre.

segunda-feira, julho 18, 2011

Fingimento.

De tanto fingir
chega o dia em que
a gente passa a acreditar.

E foi assim,
de tanto fingir
não te amar
que hoje
já não mais te amo.

domingo, julho 03, 2011

CASTELOS DE AREIA

Eram casados há 27 anos. Mas, agora precisava ir embora. Ela havia mudado muito durante todo esse tempo. Seus hábitos, seus pensamentos, seus desejos eram novos. Precisava viver novas experiências.


Não. Não havia arranjado outro, nem pensava nisso, ainda amava seu marido, tinha certeza. Só precisava mudar, não podia mais morar numa cidade sem praia, sem brisa, sem ar puro. Precisava realizar outros projetos de vida.

Estava pensando nesse assunto há 5 meses, mas a coragem de contar para seu marido não chegava. Até que nesta noite quando estavam deitados para dormir, iniciou o diálogo:

- Carlos, lembra da nossa primeira viagem? Perguntou temerosa.

- Claro que lembro, amor. Foi para aquela cidadezinha da Bahia, que tem uma praia linda... como é mesmo o nome? Esqueci...

- Subaúma.

- Isso, Subaúma, lindo lugar. Disse olhando para o teto, pensativo.

- E você lembra do nosso passatempo lá, além de namorar?

- Fazíamos castelos de areia, depois sentávamos e ficávamos olhando as ondas do mar desfazê-los. Às vezes uma só onda os destruía por completo, outras vezes, era preciso várias ondas. Mas, porque esta lembrança agora?

- Nada! Vamos dormir.

Abraçaram-se e dormiram quietos. Ela não teve coragem mais uma vez e pensou que não iria tê-la nunca. Afinal, Carlos era um bom marido, companheiro, atencioso. Bem, mas ela estava decidida.

E foi assim, que acordou naquela manhã de sexta-feira, com a certeza de que aquele seria um dia decisivo na sua vida. Levantou-se mais cedo, preparou ela mesma o café para os dois, como há muito tempo não fazia.

Durante o café, falou para o marido que precisavam almoçar juntos. Ele achou-a estranha desde a noite anterior e quis saber do que se tratava, mas ela desconversou. Ele foi trabalhar e ela ficou em casa arrumando as malas.

As 12 e meia, ela chegava no restaurante combinado, perto do trabalho de Carlos já esperava ansioso, sabia que naquele momento poderia perder a mulher da sua vida.

Ela deu-lhe um beijo no rosto e sentou-se. Pediram uma massa e um vinho tinto. Almoçaram em silencio. Durante a sobremesa, foi Carlos quem quebrou o gelo:

- eu sei que vai me deixar. Eu só queria saber o porquê.

- Mas... como você sabe?

- Os castelos de areia.

- Sim. Os castelos. Fizeram silêncio por um tempo e Carlos voltou a falar:

- Você estava distante, já tem algum tempo. Eu percebi, mas pensei que fosse só uma fase, que iria passar, preferi ficar calado, na minha. Ontem à noite, entendi que iria me deixar.

- Mas, Carlos, não é bem assim...

- Eu até entendo, quer dizer, não sei se entendo, talvez até entenda, mas não aceito. Mas antes de qualquer coisa, preciso saber quais as ondas que estão te levando. Você arranjou outro? Pode dizer...

- Não, Carlos. Pelo amor de Deus. Não é nada disso.

- E é o quê?

- Eu cansei, cansei desta vida que estou levando, cansei do meu trabalho. Preciso mudar de ares. Eu mudei e agora preciso mudar de ambiente. Preciso ir em busca de novos prazeres.

- E, porque eu não posso ir junto?

- Não é que não possa. Mas, você não iria. Não vai largar sua carreira, seu reconhecimento...

- Marli, eu te amo. E faço qualquer coisa pra ficar ao teu lado. Só preciso saber se você ainda me ama...

- Eu, eu, claro que eu te amo. Apenas quero mudar de cidade para realizar um antigo projeto de alfabetizar crianças carentes em cidadezinhas do nordeste.

- Se você quiser...

- Eu quero!

- Então, pedirei demissão agora mesmo e vamos para a Bahia reconstruir nossos castelos de areia.



Fau Ferreira
 
P.S. Considero este o conto mais lindo que já escrevi.

sexta-feira, junho 17, 2011

Apenas um pensamento...

Se tu soubesse a importância que dou ao que me dizes. Talvez ficasse mudo.
Mas, talvez eu desse igual importância ao teu silêncio.
E tu continuarias sem saber...

segunda-feira, junho 13, 2011

Me encante

"Poeminha do Neruda aproveitanto o clima romântico que está pairando no ar!" rsrs

Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar…
Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.

Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.
Me acarinhe se quiser…
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.

Me encante com seus olhos…
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.

Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar…

E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar…

Me encante com suas palavras…
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.

Me encante com serenidade…
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.

Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.

Me encante como você fez com o seu primeiro namorado…
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.

Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva….

Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre…
Mas, me encante de verdade, com vontade…

Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias…
Pelo resto das nossas vidas!!!



Pablo Neruda

domingo, junho 05, 2011

ALMA GÊMEAS – PARTE III

Ele foi embora pensativo, lembrando daquele brilho nos olhos que ele nunca mais encontrou em outra garota. Amou muitas mulheres, nunca fora amado da maneira que esperava. Quem sabe aquela menina a quem ele deixara esperando naquele banco do colégio há vinte anos atrás fosse realmente a sua Alma Gêmea?

Naquela época ele não percebeu ou não tivera a coragem de realizar o seu destino, porque as vezes essas coisas assim intensas e profundas, dão medo. Juntar nossa Alma a de outro Ser pode ser perigoso e para sempre.

E agora era tarde.

Chegara em casa, logo ao abrir a porta as crianças correram a seu encontro, abraçando-o pelas pernas, eram ainda pequeninos. A esposa que colocava a mesa para o jantar sorriu-lhe suavemente como fazia todos os dias.

Tomou um banho, jantou sem muito entusiasmo, assistiu o Jornal Nacional e foi deitar-se, como fazia todos os dias. Ao acordar, pensou no encontro do dia anterior como se tivesse sido um sonho, um bonito sonho. Mas, ele escolhera acordar e ir pro trabalho como fazia todos os dias.

Talvez, tudo não tenha passado mesmo de um sonho.

sábado, junho 04, 2011

AMADURECÊNCIA*


Chega o dia em que nos damos conta do quanto é bom amadurecer. Dá importância às coisas certas, ter motivação para as coisas boas e persistência nos nossos desejos. Deixando de lado as birras de criança e percebendo que o mundo é muito maior que a circunferência do nosso umbigo e que há algo mais nos esperando lá fora. Daí vem a necessidade de nos abrirmos, sair do casulo e deixar desabrochar a borboleta que há em nós, aceitando suas cores e formato, o ritmo que bate suas asas e acreditar, que pode até não parecer, mas em tudo há um coração.

 


Amadurecência* - Nome inspirado na canção do Teatro Mágico, confiram a letra abaixo:

 
A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.

Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos os nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai

O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.

Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia nunca não passar,
?O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...?
Harmonizar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!

Todo voto que devo parir
Nunca dever ao devir
Nunca deixar de ouvir...
com outros olhos!


Composição: Fernando Anitelli

domingo, maio 15, 2011

ALMAS GÊMEAS - PARTE II

Aquela resposta o deixou perplexo - como será que aquela menina que à anos atrás havia escrito coisas tão lindas sobre o amor, poderia ter se tornado tão fria? O que será que à fizeram que deixou-a tão cética em relação ao amor? Ele não entendia, no entanto não quis entrar em detalhes. O telefone tocou. Ele precisou ir embora. Não trocaram número de celular, email, ou nada.

Ela, intimamente a mesma garotinha de anos atrás, porém ele era outro, possuidor do mesmo brilho no olhar, mas outro. Aquele reencontro definitivamente não atendeu a suas expectativas. Quando chegou em casa permitiu-se recordar, sentir saudades e chorar tudo o que havia. No dia seguinte estava nova. “Nada como um dia após o outro, com uma noite no meio”.

Depois daquela tarde não se viram mais, nunca mais.

Ocorreu que a partir do instante em que eles se afastaram, irremediavelmente perderam-se. Será que ela já havia parado pra pensar que talvez nem o amasse mais? Talvez só amasse as lembranças que ele à deixou.

Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece, mas vai vê que tudo aquilo foi apenas uma paixão frustrada de infância. Nada de drama. É preciso fechar ciclos e abrir-se para novas histórias.
 
 
Texto escrito pela minha pupila Mary C.

quinta-feira, maio 12, 2011

DISFARCE


O que é disfarce? Será realmente uma coisa necessária? Será que conseguiríamos conviver se o disfarce não existisse? Será que agüentaríamos viver sem disfarçar nenhum dos nossos sentimentos? Como faríamos? O disfarce é necessário quase sempre quando se está perto de outras pessoas. Disfarce do amor, da tristeza, da alegria, do ódio, da inveja, da perseverança, da teimosia, do incomodo, da insegurança, etc. Muito mais dos sentimentos ruins do que dos bons, porque a nossa sociedade exige que sejamos felizes, alegres, saudáveis o tempo inteiro. Então se você destoa disso, é sempre cobrado pelos outros. E como disse Sartre, numa frase que eu adoro: Os outros são o inferno. Por isso temos que vestir fantasias de colombinas e viver em pleno carnaval mesmo sobre o frio de junho. Temos que disfarçar o olhar triste, o gesto desanimado. Tem gente que leva tão a sério isso que mesmo quando está sozinho não consegue se livrar da máscara. E disfarçam tudo até pra se mesmo, finge que não está triste ou apaixonado. Finge que ta “di boa”, que está “tudo ok”. Mas, será válido mesmo viver assim? Será que sobrevivemos a tanto disfarce por muito tempo? O que aconteceria se vivêssemos como um livro aberto, onde tudo está lá, para todos verem? Será que suportariam? Seria melhor pra eles e pra nós? As pessoas reclamam tanto da falsidade, mas o certo é que poucos conseguem viver de fato com verdade.


domingo, maio 01, 2011

ALMAS GÊMEAS

Fim de tarde. Ele corria na orla. Ela foi ver o pôr-do-sol no farol como fazia sempre que tinha um tempo e coragem para sair de casa.


Se olharam, se reconheceram de imediato. Fazia tanto tempo... Tantos anos após aquela conversa no banco da escola.

Ela aos 13 anos, com a paixão acendendo pela primeira vez em seu peito. Ele chegou e a encontrou escrevendo versos de amor para ele. Envergonhada ela quis esconder, não deu tempo. Começaram a falar sobre Amor. Ele desconfiara? Ela não sabia.

- E ela é a sua alma gêmea?

- Não. Ainda não.

- E como você sabe?

- A gente sabe quando encontra a nossa alma gêmea. Quando a gente olha no fundo dos olhos dela e sente.

Ficaram ali parados, se olhando. Alguns segundos. Pareceu uma eternidade. Até que a namorada dele chegou e o levou dali.

Ela permaneceu ali parada naquele banco de colégio. 13, 15, 17, 20... muitos anos ela ficou a espera da sua alma gêmea.

Agora ali, o destino os colocou novamente frente a frente. Compraram uma água de coco e subiram para ver o sol se pôr. Conversaram sobre vários assuntos enquanto observavam a bela paisagem da praia da Barra até que ela disse:

- Sabe Lu, eu nunca esqueci daquela nossa conversa...

- A das almas gêmeas?

- Sim.

(Silêncio) Viraram-se para frente e ficaram a observar o sol que se punha nesse momento.

- Você já encontrou a sua?

- É, eu estou casado. E você?

- Eu, eu não acredito mais...

- Não acredita mais em almas gêmeas?

- Eu não acredito mais no Amor.

terça-feira, abril 26, 2011

Poética do dia a dia

Acordar todos os dias

E fazer de cada um,
Um dia diferente.


Desafio? É o que me move.
Poesia? Me seduz...
Encanta... Cantar a vida.



Deitar, Levantar, Dançar,
Levitar... Movimentos sincronizados.
Pensamentos leves, gestos sutis.



Olhares intensos, doces, fulgazes,
Amorosos, carentes, fugidios.
Abraços ternos, beijos ardentes.
Amor? Amizade? Sentimento Velado.



Acordar. Dormir. Pôr e nascer do sol.
O céu dança. Crepúsculo. Estrelas.
Cadentes. Cadência.
A vida dança...



A gente leva, lava, livre.
O sorriso, a lágrima, a alma.
O corpo? Magia. Encanto.
O corpo ama...

sábado, abril 16, 2011

RECADO

Vamos deixar o passado
bem guardado,
existindo apenas
em algum lugar no espaço.
Quanto a nós,
ficamos com o presente,
com o instante.

quarta-feira, abril 13, 2011

INESPERADO

"Logo Eu, que só faço algo pra dar certo
que só entro numa luta pra vencer
estou sempre de olhos bem abertos
esperando o que vai acontecer."*


*O verso é de minha autoia, as aspas são só porque ele é um trecho de um poema.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

SOBRE OS AMIGOS

Conte com quantas pessoas você pode contar.

Mas não seja mesquinho consigo mesmo.

Cada pessoa é única e cada pessoa tem algo a nos oferecer.

Por isso, tome consciência do que seus amigos têm de bom, cada um a sua maneira.

Conte desde aquele que oferece o ombro para você chorar, àquele que só serve para te levar pra balada ou para uma cervejinha no bar da esquina.

Lembre-se daquele que não tem paciência com você e te diz as verdades que você não gosta, mas precisa ouvir.

Conte aqueles que cuidam de você e aqueles dos quais você precisa cuidar.

Conte os amigos de longe, os amigos de perto, os de sempre e os de de vez em quando.

Conte aquele que te desperta seu lado mais instintivo, aquele que sempre te arranca gargalhadas, e, por fim, aquele que te ajuda a ser uma pessoa melhor (se é que todos não te ajudam).

Faça novos amigos.

Faça amigos de todos os tipos, de todos os jeitos, de todas as idades, não tenha preconceitos.

E, nunca se esqueça de contar com todos, porque eles te completam cada um, um pedacinho.



Fátima Ferreira
 
 
*Texto Antigo que escrevi para meus amigos, relendo hoje, nem parecia que fui eu que escrevi.

segunda-feira, janeiro 31, 2011

Não tenho chorado, como não tenho vivido.

Sensibilidade. Admiração. Espanto. Essas coisas existem? Aonde? Aonde foi para a minha capacidade de indignação? E a vontade de assistir a um pôr-do-sol, onde está? O céu azul que eu gostava de contemplar, ainda é o mesmo?O olhar de um bebê, o sorriso de uma pessoa amada, a música romântica que toca no rádio sem avisar, são coisas que não acontecem mais? Ou será que meus olhos estão cerrados, meus tímpanos estouraram e a minha pela está sofrendo de lepra? A capacidade de sentir é habilidade imprescindível para viver. Mas se ela nos abandona, o que podemos fazer?

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Poesia

E o que a gente faz com o desejo?

Entope,

Engole,

Sufoca,

Fecha,

Aterra,

Enterra,

Mata...

Mata...

Mata...