POÉTICA DO COTIDIANO

Textos, Frases, Cartas, Poemas, Canções, Diálogos, Interrogações... Todas as palavras que preenchem o nosso dia-a-dia... com muita poesia!

domingo, maio 15, 2011

ALMAS GÊMEAS - PARTE II

Aquela resposta o deixou perplexo - como será que aquela menina que à anos atrás havia escrito coisas tão lindas sobre o amor, poderia ter se tornado tão fria? O que será que à fizeram que deixou-a tão cética em relação ao amor? Ele não entendia, no entanto não quis entrar em detalhes. O telefone tocou. Ele precisou ir embora. Não trocaram número de celular, email, ou nada.

Ela, intimamente a mesma garotinha de anos atrás, porém ele era outro, possuidor do mesmo brilho no olhar, mas outro. Aquele reencontro definitivamente não atendeu a suas expectativas. Quando chegou em casa permitiu-se recordar, sentir saudades e chorar tudo o que havia. No dia seguinte estava nova. “Nada como um dia após o outro, com uma noite no meio”.

Depois daquela tarde não se viram mais, nunca mais.

Ocorreu que a partir do instante em que eles se afastaram, irremediavelmente perderam-se. Será que ela já havia parado pra pensar que talvez nem o amasse mais? Talvez só amasse as lembranças que ele à deixou.

Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece, mas vai vê que tudo aquilo foi apenas uma paixão frustrada de infância. Nada de drama. É preciso fechar ciclos e abrir-se para novas histórias.
 
 
Texto escrito pela minha pupila Mary C.

quinta-feira, maio 12, 2011

DISFARCE


O que é disfarce? Será realmente uma coisa necessária? Será que conseguiríamos conviver se o disfarce não existisse? Será que agüentaríamos viver sem disfarçar nenhum dos nossos sentimentos? Como faríamos? O disfarce é necessário quase sempre quando se está perto de outras pessoas. Disfarce do amor, da tristeza, da alegria, do ódio, da inveja, da perseverança, da teimosia, do incomodo, da insegurança, etc. Muito mais dos sentimentos ruins do que dos bons, porque a nossa sociedade exige que sejamos felizes, alegres, saudáveis o tempo inteiro. Então se você destoa disso, é sempre cobrado pelos outros. E como disse Sartre, numa frase que eu adoro: Os outros são o inferno. Por isso temos que vestir fantasias de colombinas e viver em pleno carnaval mesmo sobre o frio de junho. Temos que disfarçar o olhar triste, o gesto desanimado. Tem gente que leva tão a sério isso que mesmo quando está sozinho não consegue se livrar da máscara. E disfarçam tudo até pra se mesmo, finge que não está triste ou apaixonado. Finge que ta “di boa”, que está “tudo ok”. Mas, será válido mesmo viver assim? Será que sobrevivemos a tanto disfarce por muito tempo? O que aconteceria se vivêssemos como um livro aberto, onde tudo está lá, para todos verem? Será que suportariam? Seria melhor pra eles e pra nós? As pessoas reclamam tanto da falsidade, mas o certo é que poucos conseguem viver de fato com verdade.


domingo, maio 01, 2011

ALMAS GÊMEAS

Fim de tarde. Ele corria na orla. Ela foi ver o pôr-do-sol no farol como fazia sempre que tinha um tempo e coragem para sair de casa.


Se olharam, se reconheceram de imediato. Fazia tanto tempo... Tantos anos após aquela conversa no banco da escola.

Ela aos 13 anos, com a paixão acendendo pela primeira vez em seu peito. Ele chegou e a encontrou escrevendo versos de amor para ele. Envergonhada ela quis esconder, não deu tempo. Começaram a falar sobre Amor. Ele desconfiara? Ela não sabia.

- E ela é a sua alma gêmea?

- Não. Ainda não.

- E como você sabe?

- A gente sabe quando encontra a nossa alma gêmea. Quando a gente olha no fundo dos olhos dela e sente.

Ficaram ali parados, se olhando. Alguns segundos. Pareceu uma eternidade. Até que a namorada dele chegou e o levou dali.

Ela permaneceu ali parada naquele banco de colégio. 13, 15, 17, 20... muitos anos ela ficou a espera da sua alma gêmea.

Agora ali, o destino os colocou novamente frente a frente. Compraram uma água de coco e subiram para ver o sol se pôr. Conversaram sobre vários assuntos enquanto observavam a bela paisagem da praia da Barra até que ela disse:

- Sabe Lu, eu nunca esqueci daquela nossa conversa...

- A das almas gêmeas?

- Sim.

(Silêncio) Viraram-se para frente e ficaram a observar o sol que se punha nesse momento.

- Você já encontrou a sua?

- É, eu estou casado. E você?

- Eu, eu não acredito mais...

- Não acredita mais em almas gêmeas?

- Eu não acredito mais no Amor.