POÉTICA DO COTIDIANO

Textos, Frases, Cartas, Poemas, Canções, Diálogos, Interrogações... Todas as palavras que preenchem o nosso dia-a-dia... com muita poesia!

quinta-feira, outubro 18, 2012

EU SINTO...

Não, eu não sinto
tristeza,
raiva,
indignação...
Não, eu não sinto
alegria,
amor,
satisfação...
Não, eu não sinto
dor.
Não, eu não sinto
felicidade.
Não, eu não sinto
angústia.
Não, eu não sinto
Paz, nem confusão.
Eu sinto...
Sim,
simplesmente sinto.
Sentir me descreve.
Sentir basta.
Eu simplesmente sinto.
Fosse eu Descartes,
teria dito:
- Sinto! Logo existo.
Fosse eu Einstein,
diria que sentir não é relativo,
ou você sente ou não sente.
Porque sentir me completa,
sentir me revela.
Assim, sou Eu...
Eu sinto!

*Poesia escrita após Fala Escritor do dia 06 de Outubro de 2012.

quinta-feira, outubro 04, 2012

PARA UM MISTÉRIO*


O que é um Mistério?
Se soubéssemos responder,
não seria Mistério.
Mas, como sabemos então
que se trata de um Mistério?
Sabemos por não saber,
por não conseguir decifrar.
Por um olhar que não se sabe,
não se entende ou se deduz.
Então, Mistério
o que tanto me diz
que não consigo entender?
Será que está mesmo escondido
ou está tão claro que se torna imperceptível?
Me diz, por favor
que já não agüento mais
procurar,
chegar perto
e fugires,
tentar tocar
e se dissolveres.

*Publicado inicialmente me 24/01/2010.

quinta-feira, julho 19, 2012

UM PROVÁVEL FUTURO



Quando eu imagino meu futuro, eu me vejo sozinha. Uma ligação de uma amiga, um livro, um carro, morangos mofando num apartamento quase sem móveis, um fogão sem uso, geladeira apenas com sucos e algumas garrafas de vinho, essas serão minhas companhias.


E talvez, eu possa sair às ruas a contemplar o céu, dia ou noite, o que eu mais gosto de fazer. E observar para onde correm as pessoas com suas vidas cheias de sentido e, talvez, eu possa ter alguma ideia vaga da minha falta de sentido ou entender o porquê de tanta pressa que eu nunca tive por ter tempo de sobra e não saber o que fazer com ele.

Talvez, quando ficar velha, eu consiga realmente encontrar a felicidade, tão desejada na juventude. Porque na velhice podemos ser realmente como sempre desejamos, mas não tivemos coragem.


A culpa, talvez, vá embora e seja apenas uma vaga lembrança no mesmo baú em que se encontra o sorriso dos amigos já idos para outro plano ou outro país, dos amores possíveis e nunca possíveis, dos sonhos não realizados, das vivências nunca sonhadas. Posso escrever um livro de memórias ou autoajuda que nunca será publicado ou talvez seja, mas que sirva apenas para aliviar as dores acumuladas por muito tempo.

Talvez seja tudo mais simples, talvez tudo fique complexo. Talvez as reminiscências sejam o que mais importa, talvez eu, finalmente, aprenda a viver um dia de cada vez. Mas, há uma certeza: o vazio permanecerá.


domingo, junho 17, 2012

ELA VOLTOU


Para minha querida amiga Vivi Lima.

            Certo dia, bati a sua porta e ela não atendeu. Insisti, nada. Desci a escada, sentei no meio fio, esperei meia hora. Voltei, bati e nada. Liguei, não atendeu. Será que viajou? Mas, assim? Sem avisar? Nenhum recado, e-mail, torpedo. Nada.
            Voltei três dias depois. Nada. Escrevi um e-mail. Esperei uma semana pela resposta. Nenhuma. Procurei os amigos em comum. Ninguém sabia. Nem mesmo o Carlos. Viajara? Adoecera? Resolveu experimentar um período sabático? Nenhuma resposta.
            Aborreceu-se? Pensei tanta coisa. Não, não havia motivos. Havia amizade, de fato? Claro! Como pude indagar isso? Amizade sente-se no coração. E a nossa amizade era indubitável.
            Então, esperei.
            Um mês, dois, três, sete meses. Um ano. Um ano e meio. Dois anos.
            Esqueci. Dei-me por vencida.
            Quarta feira de cinzas. Descansava em casa, ouvia Vander Lee para desanuviar a mente das marchinhas de carnaval:
“Não, que falte amor
No tempo, no espaço a gente ainda pode criar
Deixo a vida te levar
Que as luzes se acendam e que a gente possa brilhar...”
            Batem à porta. Não quero atender. Preguiça de levantar. Espero.
            Insistem nas batidas. Levanto me arrastando. Abro a porta.
            Vejo uma silhueta virada de costas, já descendo as escada. Digo oi. Ela vira. Quase não acredito. Será uma visão?
- Você?
- Sim... Voltei.
(Silêncio).
Nos abraçamos. Lágrimas escorreram dos nossos olhos.
- Amiga, queria pedir desculpas... Esse tempo todo...
- Desculpas? – Não é necessário. Tempo? Quanto tempo? Alías, o que é o tempo senão uma ilusão?
Você voltou. É só o que importa.


26.02.2012



sexta-feira, junho 08, 2012

ONDE TUDO SE PERDEU?


         Eram 6 da tarde quando ela ligou. Os ponteiros em linha reta dividiam ao meio o relógio cor de prata da cozinha. Mesmo sem olhar a identificação, depois do “Alô” já sabia que era ela, era a única que me chamava por uma sigla, arrastando ao máximo a segunda letra:

- Como você está?
- Tô meio assim, meio deprê, meio entediado.
- Deve ser o tempo, o tempo chuvoso nos deixa assim... (e começou a falar dessas coisas, poesias e filosofias que ela tanto gostava). - Você não acha Jotaerrêeeeeeeeeeeeeeeeee?
- Anh? ... (eu não havia ouvido tudo o que dissera, as coisas que ela falava me levavam sempre para longe dela, me faziam viajar... Saturno, Anéis, Oceanos... eu me perdia). - Sim, acho que sim.

         Não me lembro direito por onde continuou a conversa e nem como chegamos aqui, só lembro quando ela falou:

- Mas, eu não ficaria com nenhum dos seus amigos (senti um tom diferente na voz dela).
- E, por quê?
- Por que se tivesse que ficar com alguém da sua turma seria com você. Durante algum tempo mantive essa esperança, tínhamos muito a ver, mesmas músicas, programas, reggaes, bebidas... mas, fomos ficando muito amigos, não que isso me incomodasse, mas senti você se afastando...
- Não, não foi bem assim...
- Não, precisa se desculpar, talvez tivesse que ser assim... (e voltou de novo a falar das coisas filosóficas, poéticas e esotéricas que ela tanto gostava e eu voltei a me perder).

         Mas, dessa vez não fui para longe dela, fui para um tempo atrás, o tempo em que nós éramos mais próximos, como ela mesmo falou. O tempo em que gostava de admirar o riso fácil dela e de ouvirmos músicas juntos no carro, com ela cantarolando baixinho, de um jeito tímido... E pensei alto:

- Onde tudo se perdeu?
- Não sei, Jotaerrêeeeeee, não sei... Você tem bebido?
- Um pouco... vez em quando. Mas você, pelo que eu sei, tem bebido bastante, né?
- Sim, tenho, tenho bebido muito... Mas, a questão de beber muito é uma só: "a Vida não faz sentido". Cada dia menos sentido. Por isso, eu bebo e pelo menos agora, a vontade é de beber bebidas alcoólicas e não veneno.

segunda-feira, março 26, 2012

THE END!




Eu sempre fui exatamente aquilo que você pensava sobre mim. Sim, com você eu era uma personagem, mas não uma das tantas que eu criava. Aquela era a personagem que você criara e me colocara como atriz principal do seu filme.

Eu fazia questão de seguir corretamente o roteiro, as falas, o choro, o sorriso, era tudo dentro do script. Eu ficava alegre em ser aquela inventada por você e atuava direitinho, o que te fez acreditar que eu era de verdade como você sonhava.

Mas, quando o sonho virou pesadelo e você inventou a face ruim de mim, eu tive que representá-la, tão envolvida no jogo já estava. Não saberia ser diferente, não com você. Não poderia inventar outra personagem, era você que tinha o poder de criar na nossa história. E esse foi o nosso fim.


 Fau F.


 24/03/2012

segunda-feira, março 12, 2012


Se ela soubesse que amo, ainda assim leria para mim aqueles versos com voz rouca e desentoada?
Ainda assim gargalharia alto no cinema e apertaria meu braço como se sem querer?
Se ela soubesse que a amo, ainda me olharia com o olhar risonho tentando disfarçar seus pensamentos?
Se ela soubesse que a amo...
Ah! Como a amo!
Se amo menos ela soubesse...

20.07.2011