Para minha querida amiga Vivi Lima.
Certo dia,
bati a sua porta e ela não atendeu. Insisti, nada. Desci a escada, sentei no
meio fio, esperei meia hora. Voltei, bati e nada. Liguei, não atendeu. Será que
viajou? Mas, assim? Sem avisar? Nenhum recado, e-mail, torpedo. Nada.
Voltei três
dias depois. Nada. Escrevi um e-mail. Esperei uma semana pela resposta.
Nenhuma. Procurei os amigos em comum. Ninguém sabia. Nem mesmo o Carlos.
Viajara? Adoecera? Resolveu experimentar um período sabático? Nenhuma resposta.
Aborreceu-se?
Pensei tanta coisa. Não, não havia motivos. Havia amizade, de fato? Claro! Como
pude indagar isso? Amizade sente-se no coração. E a nossa amizade era
indubitável.
Então,
esperei.
Um mês,
dois, três, sete meses. Um ano. Um ano e meio. Dois anos.
Esqueci.
Dei-me por vencida.
Quarta
feira de cinzas. Descansava em casa, ouvia Vander Lee para desanuviar a mente
das marchinhas de carnaval:
“Não, que falte amor
No tempo, no espaço a gente ainda pode criar
Deixo a vida te levar
Que as luzes se acendam e que a gente possa brilhar...”
No tempo, no espaço a gente ainda pode criar
Deixo a vida te levar
Que as luzes se acendam e que a gente possa brilhar...”
Batem à
porta. Não quero atender. Preguiça de levantar. Espero.
Insistem
nas batidas. Levanto me arrastando. Abro a porta.
Vejo uma
silhueta virada de costas, já descendo as escada. Digo oi. Ela vira. Quase não
acredito. Será uma visão?
- Você?
- Sim... Voltei.
(Silêncio).
Nos abraçamos. Lágrimas escorreram dos nossos olhos.
- Amiga, queria pedir desculpas... Esse tempo todo...
- Desculpas? – Não é necessário. Tempo? Quanto tempo? Alías,
o que é o tempo senão uma ilusão?
Você voltou. É só o que importa.
26.02.2012