“... e foste um difícil começo,
afasto o que não conheço
e quem vive outro sonho feliz de cidade
aprende depressa a chamar-te realidade
porque és o avesso do avesso
do avesso do avesso...”
Caetano – SAMPA
Eu não gosto de ser invasiva com a vida das pessoas. Impor minha presença, aprofundar os limites que me estabeleceram é uma coisa quase impensável. É o meu senso de Liberdade e Respeito.
Por isso não procuro o tempo inteiro, não ligo todos os dias, não imploro companhia. Não invado a vida, só contarás a mim o que quiseres, o que achar necessário. E terá espaço para isso se quiser e haverá também espaço para o silencio, tão necessário e tantas vezes tão difícil de achar. Mas se não sentir reciprocidade, aí já foi... descarto maiores aproximações.
Porque é assim também que gosto que sejam comigo, não gosto que me invadam, que me adulem, que transgridam minhas regras. Só entra em meu mundo quem eu permito e até onde eu permito. Só conto o que eu quero, se não julgar necessário, falar pra quê, pode ser a menor besteira, pode ser o maior segredo.
Mas todo mundo encara isso como falta de Amor. Não é. De jeito algum. Eu vivo pra dentro e é assim também que amo, pra dentro.
Vou demonstrar, claro, que amo, nas sutilezas, no olhar, no jeito de me entregar. Dificilmente, nas palavras, talvez nas escritas, nunca nas ditas. Nos convites, nas invenções loucas, nas coisas divididas, nos poucos presentes, nos sorrisos sinceros. Tudo em mim, todo gesto é uma forma de dizer eu te amo, sem precisar ser piegas. A divisão de um sentimento sobre a vida, uma música ou um filme. O Amor por mim é sentido nas afinidades, de pensamento, principalmente. Se pensou igual, fluiu, é isso.
É preciso um pouco de sensibilidade e percepção, mas com certeza o trato com quem eu amo é diferente com o resto do mundo. Talvez não seja fácil perceber, entendo que as pessoas têm seus próprios medos e limitações, suas próprias formas de amar. O problema é só identificar o Amor, na forma conhecida, não permitir outras.